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vocabulario

Page history last edited by Beatriz Magdalena 14 years, 7 months ago

 

Inferno do vocabulário

A nível de: Galicismo muito utilizado por intelectuais brasileiros, empregado também por portugueses, mas o seu uso só se justifica quando se pretende indicar movimento (exemplo: “a inflação elevou-se a níveis intoleráveis”). Para referir-se a um âmbito, uma esfera, deve-se usar “em (no, nos) nível(is) de” (exemplo: “a legislação no nível federal”). Mas é preferível suprimir a expressão, pois ela geralmente não tem nenhum significado (no exemplo, bastaria dizer “a legislação federal”).

 

Aporte: Galicismo (de apport) e espanholismo (de aporte), que deve ser evitado, mesmo porque muitos empregam esse termo, que significa “contribuição”, num sentido muito próximo ao do inglês approch.

 

Colocar/colocação: “Colocar” significa “pôr”, “introduzir” e não “afirmar”, “propor”. Por isso, não faz sentido frase como “as colocações de Fernando de Azevedo”.

 

Como um todo: As palavras sempre designam os objetos a que se referem na sua inteireza. Quando se diz, por exemplo, “sociedade”, o termo certamente não está indicando uma parte, uma fração, da sociedade. Por isso, não faz sentido, expressões corriqueiras do tipo “a sociedade como um todo”, “a ciência como um todo” etc. Quando se quer enfatizar o aspecto total do objeto, deve-se empregar as expressões “todo o...” e “toda a...” (por exemplo. “toda a sociedade”).

 

Datação: Não se justificam as formas de datação, muito comuns, que fazem referência apenas ao momento da produção do texto. Expressões como “recentemente”, “hoje”, ano passado” etc. devem ser substituídas por datas precisas.

 

Em termos de: Outra expressão quase sempre carente de sentido e, portanto, dispensável. Por exemplo, em vez de “a educação em termos do Brasil” basta dizer “a educação no Brasil”.

 

Enquanto: Também galicismo. Em português, “enquanto” indica duração, uma situação temporária, e, portanto, não pode designar uma condição. “Florestan Fernandes, enquanto sociólogo e socialista, foi coerente com seus princípios” significa, a rigor, que o velho mestre mantinha coerência somente quando “estava” sociólogo e socialista. Para indicar uma condição perene, quase essencial, utiliza-se “como”: “Florestan Fernandes, como sociólogo e socialista, foi coerente...”. Quando emprego do termo “como” ocasionar ambigüidades. deve-se empregar a expressão “na condição de”, “na qualidade de” e similares.

 

Haver/ter: Quando significa “existir”, o verbo haver é conjugado sempre na terceira pessoa do singular. Não se diz, portanto, “houveram propostas”. Na dúvida, basta converter o verbo para o presente do indicativo, pois, nunca se comete o mesmo erro nesse tempo verbal: ninguém diz “hão propostas”. No português oral, tornou-se muito comum utilizar o verbo “ter” no lugar de “haver” (significando “existir”), o que inadmissível na língua culta escrita. Nem pensar, portanto, em usar esse verbo no plural, pretendendo designar a existência de várias coisas.

 

Hífen: De modo geral, não se usa hífen nas palavras compostas (por exemplo, agropecuária, supermercado, sociopolítico). Mas, à exceção das inevitáveis exceções, o hífen é empregado em palavras compostas cuja segunda palavra inicia-se por r, s, b ou vogal (por exemplo, auto-educação, vice-reino, super-homem). Em todo caso, é sempre recomendável consultar as regras do uso do hífen, que se encontram, por exemplo, no “Aurélio”, nas paginas que antecedem o próprio dicionário.

 

Implicar: O verbo “implicar” no sentido mais usual nos escritos acadêmicos, isto e, significando decorrência ou conseqüência, é transitivo direto. Diz-se, portanto, os resultados da pesquisa implicaram a redefinição dos pressupostos” e não “... implicaram na redefinição...”. “Implicar” é transitivo indireto apenas quando significa “estar envolvido (por exemplo, “ele está implicado num processo”).

 

Infinitivo: O uso do infinitivo flexionado (isto é, conjugado) é um tópico extremamente controvertido e complexo, comportando várias exceções. Uma regra simples determina que não há flexão do infinitivo em construções indiretas, com preposição (por exemplo, “disciplinas a ser ensinadas”; “exercícios para poder avaliar”; mas “é hora de os alunos começarem os estudos”). Uma regra prática, ao arrepio da ortodoxia gramatical, reza que na dúvida convém não flexionar o infinitivo.

 

Mesmo: Advérbio e adjetivo (caso em que concorda com gênero, grau e número), mas jamais pronome. Por isso, não se emprega como substituto de outras palavras, como se cometeu na seguinte frase: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se no andar”.

 

Na medida em que: Significa “uma vez que”, “posto que”, “já que”. Não confundir com a medida que” (e não “à medida em que”), que significa “ao mesmo tempo em que”, “à proporção que”.

Não-: Em expressões nas quais a palavra “não” forma com a seguinte um sentido completo, ligam-se ambas com um hífen (por exemplo, não-proliferação, não-euclidiano, não-ficção).

 

Onde: No português coloquial serve para quase tudo, mas, a rigor, a palavra indica tão somente lugar, localização, e isso num sentido literal, não-metafórico. Assim, diz-se “foi em Diamantina, onde nasceu JK”; mas não “a teoria da relatividade, onde se prova que energia é matéria”. Não se deve admitir jamais o barbarismo que emprega “onde” como quase sinônimo da conjunção “e”.

 

Qualquer: Não se deve usar no sentido negativo, do tipo “não disse qualquer palavra”, pois isso pode sugerir que alguma palavra precisa (e não qualquer) foi dita. Deve-se, portanto, dizer: “ele não disse nenhuma palavra”.

 

Regência: Recomenda-se consultar dicionários especializados. A norma culta da língua portuguesa não admire o mesmo complemento a verbos com regências diferentes. Por exemplo, é incorreto escrever “Li e gostei do livro”, pois o verbo ler é transitivo direto (“li o livro”) e o gostar, indireto (“gostei do livro”).

 

Se: Outro tópico extremamente complexo, mesmo porque “se” assume funções diversas. Especial atenção deve ser tomada para que não se faça confusão entre a função apassivadora e a de indeterminação do sujeito, pois no primeiro caso o verbo concorda com o sujeito paciente, e. no segundo caso, ele sempre permanece na terceira pessoa do singular. No exemplo clássico “vendem-se casas” (= “casas são vendidas”), o verbo concorda com casas, que é sujeito paciente; em “precisa-se de empregados”, o verbo está na terceira pessoa do singular, pois aí “se” indica sujeito indeterminado. A partícula “se” é também empregada para ênfase, mas convém não abusar da palavra nessa função, pois, carente de significado, é perfeitamente dispensável. Não se deve, portanto, dizer “é hora de se fazer exercícios, mas simplesmente “é hora de fazer exercícios”; nem essa é a forma de se consolidar a conquista”, mas “essa é a forma de consolidar a conquista”. Também não se emprega “se” em expressões formadas com “difícil de”, “fácil de”, “passível de” etc.: “fácil de entender” (e não “fácil de se entender”), “passível de errar” (e não “passível de se errar”).

 

A partir de: Os puristas argumentam que essa expressão indica tão somente temporalidade. Para indicar uma precedência lógica, pressupostos, paradigmas etc., recomenda-se usar as fórmulas como “com base em”, “tomando-se por base” etc.

 

Através de: Segundo os revisores, “através” só pode ser empregado em frases que indicam o “atravessamento” de algo num meio (por exemplo. “a luz veio através da janela”). Quando não se tratar disso, eles recomendam usar “por meio de”, “mediante”, “por” etc. (“expor por meio de exemplos” e não “através de exemplos”).

 

Devido a: Os revisores sistematicamente substituem essa expressão por “em virtude de”, “em razão de” etc.

 

Este(s), esta(s), isto/Esse(s), essa(s), isso: A rigor, “este(s)”, “esta(s)” e “isto” designam aquele elemento que na frase esteja imediatamente antes. Como tais designações, geralmente, têm como referente o que se disse palavras atrás, o correto nesses casos é empregar “esse(s)”, “essa(s)” e “isso”. Mas “este(s)” e “esta(s)” são também empregados para designar aquilo que, fora do texto, refere-se ao próprio texto ou ao local e ao momento em que ele se encontra: “Este texto (que o leitor tem em mãos), foi escrito neste país, neste século”.

 

Inclusive: Os revisores, ao contrário do “Aurélio”, não admitem o uso desse vocábulo como sinônimo de “até mesmo”.

 

Copiado de http://www.proteoria.org/omar/metodologia/inferno_do_vocabulario.doc

Comments (1)

mardalpias@... said

at 9:30 pm on Sep 15, 2009

Leitura produtiva....

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